Pacotinho de gibis

2005-11-06

Pacotinho #5



Uncanny X-Men #205 (1986)

[DUCA] Parte 1 da série "mas por que nós gostávamos de X-Men mesmo?". Nessa história, Yuriko Oyama vende sua alma à Espiral, e torna-se um ciborgue assassino. Após juntar-se com os Carniceiros, ela encontra Wolverine, e dá-lhe uma surra fenomenal, tão grande que Wolverine perde a memória, e fica completamente tomado por seu lado animal.

Isso tinha tudo pra ser uma história genérica do Wolverine, como aquelas que saem todo mês em um dos 256 gibis mensais do Wolverine. Mas esse gibi foi escrito pelo Claremont em seu auge, e ele sabia como contar histórias. A trama toda não é contada literalmente do ponto de vista do Wolverine. Ao invés disso, a história é contada do ponto de vista da Katie Power (a Chispinha do Quarteto Futuro), que provavelmente é a heroína mais jovem do universo Marvel, com apenas 5 anos de idade.

Essa é uma técnica excelente para lidar com heróis super poderosos, colocar a trama do ponto de vista de quem a presencia. O Kazuo Koike faz isso com perfeição no Lobo Solitário, e é uma técnica que os escritores do Superman ou do Lanterna Verde deveriam aprender.

A edição completa com os excelentes desenhos do Barry Windsor-Smith, nessa época recém-saído das histórias do Conan. Quem dera os X-Men atuais tivessem essa qualidade.



Sentinel #1

[BOM] Sentinel foi o primeiro gibi do Sean McKeever que eu li. Era muito bom, mas não é um estilo que agrada o mainstream, então foi cancelado logo após 12 números. Mas, por algum motivo, fizeram uma versão encadernada da série, e o volumão vendeu como água nas livrarias, então a série retorna para uma segunda chance.

Para entender Sentinel, é preciso ver como anda o mercado de quadrinhos americanos. Resumidamente, DC e Marvel vendem pouco, e mangá vende como água. Então, a estratégia da Marvel é: vamos fazer mangás! Mas como fazer mangás? A análise rápida da Marvel indicou que, pra ser mangá, precisa de traço estilizado e robô gigante. O traço resolve-se com um desenhista acostumado com o estilo. E robô gigante, bem, olhando na lista de personagens da Marvel, tem os Sentinelas dos X-Men. Então faça-se um gibi com os Sentinelas!

Incrivelmente, o resultado ficou bom. A história é, essencialmente, o filme Iron Giant em versão gibi. Um gurizinho acha um Sentinela quebrado, e o conserta, tomando o Sentinela como robô de estimação. Mas o Sentinela ainda tem sua programação de matador de mutantes ativa, então às vezes ele mostra uma tendência homicida. E arte do gibi é tão mangá, que até meninas com gorros estilo Ragnarok aparecem. Uma bola dentro da Marvel, espero que dessa vez o gibi venda.

Supergirl #2

[RUIM] Cada gênero literário tem suas próprias regras e convenções. Se você for ao cinema assistir uma comédia romântica, já sabe que a menina vai encontrar um cara perfeito, mas, a três quartos da duração do filme, eles vão brigar por algum motivo, e só ficam juntos de fato no final. É uma regra do estilo.

Os super-heróis também têm regras assim. Quando dois deles se encontram pela primeira vez, eles saem na porrada, e só depois fazem as pazes. Em gibis bons, há um bom motivo para a briga no início. Em gibis ruins, como esse, a briga é sem sentido, causa ou motivação. Não tem nem sequer história, é uma edição inteira de porrada sem sentido. Passe longe.

JSA Classified #4

[BOM] Onde eles confirmam a teoria que levantei no pacotinho #2, de que a origem real da Power Girl é que ela é uma sobrevivente da Terra 2. Talvez a nota desse gibi tenha algum bias da minha parte, eu adoro a Terra 2, e tenho a versão original do Flash of Two Worlds. Deu vontade de ver como isso vai afetar a Infinite Crisis.

Captain America #11

[OK] Onde eles confirmam que a figura misteriosa das edições passadas é mesmo o Bucky ressuscitado. Nada mais é sagrado na Marvel, só falta o Tio Ben voltar da cova. Se fosse eu o escritor, faria com que o documento lido pelo Capitão América, e que confirma a identidade do Bucky, seja falso, de modo que esse história toda tenha sido só pra despistar o leitor. Funcionou bem naquela história do Mark Waid onde o Barry Allen ressuscitava, mas na verdade era só o Flash Reverso, com uma demência tal que ele acreditava ser o Barry.



Shaolin Cowboy #4

[DUCA] Há os gibis inteligentes, como Y The Last Man, há os gibis relevantes, como Maus, e há os gibis bizarros. Shaolin Cowboy é um dos bizarros. A maneira mais fácil de descrever é como sendo uma espécie de Kill Bill em quadrinhos. Não tem muita lógica, a idéia é só fazer cenas de lutas legais e bem desenhadas. E isso Shaolin Cowboy faz bem: o desenhista, Geofrey Darrow, é um clone do Möebius, tão bom que o próprio Möebius fez uma ilustração no número #3 da série. Vale lembrar que o Darrow tinha deixado os quadrinhos durante uma época pra fazer o storyboard da trilogia Matrix, e os próprios Wachowskis retribuem escrevendo alguns diálogos aqui.

Nesse número, Shaolin Cowboy, que, como o nome indica, é um cowboy com conhecimentos de artes marciais, enfrenta um zumbi voador no meio do deserto, numa seqüência deliciosamente surreal. Só foi uma pena a escolha da montaria do herói. Como ele é um sujeito caladão, nada mais natural que ele tivesse uma montaria falante, e pior, tagarela. Só que escolheram um burro como montaria pra ele, e o arquétipo de burro tagarela já foi usado no Shrek, então ficou parecendo plágio.

New Avengers #12

[RUIM] Continua ruim de doer. Se Shaolin Cowboy era seqüência de luta divertida, esse é uma seqüência de luta extremamente tediosa. Não há pontos positivos em New Avengers. O Bendis escreve muito bem o Ultimate Spider Man, mas aqui é uma decepção incrível, nem parece o mesmo escritor. Aliás, a qualidade é tão díspar, que dá a impressão de não ser o Bendis, mas sim um ghost writer (o que também explicaria como o Bendis consegue escrever 6+ gibis por mês).

Young Avengers #8

[BOM] Young Avengers, por outro lado, é bem legal. Lembra os Titãs daquela época inicial do Perez e do Wolfman. Aqui os personagens tem de fato motivações e dilemas. O Capitãozinho América, por exemplo, na verdade não tem poderes nem soro de supersoldado na veia. Nessa edição, é revelado que ele queria muito ser super-herói, então se droga pra tentar ficar mais ágil do que é de fato. Já o Thorzinho e o Hulkzinho morriam de medo que suas mães descobrissem que eles agem como super-heróis, então ficam muito receosos quando ela fala que descobriu o segredo deles. Aí o diálogo é algo assim: "Filho, eu sei seu segredo. Você é gay. Mas tudo bem, eu entendo, pior seria se você fosse super-herói."

Amazing Spider-Man #525

[BOM] O último do Peter David por dois meses. Na primeira parte, ele falou do problema do Peter em ser super-herói. Na segunda, o problema da Mary Jane em ser esposa de super-herói. Aqui, ele completa com a Tia May, e como é ruim ser tia de super-herói. Em um certo ponto, a Tia May deveria fazer cara de espanto, mas o desenho está ruim e não condiz com os balões. O desenhista é o Deodato, e ele não costuma fazer isso, então eu acho que a culpa foi do inker (Joe Pimentel, imagino que também seja um brasileiro renomeado).

Academy X - Yearbook Special

[OK] Tem séries que são apenas [OK] mas eu gosto de ler, duas delas são o Exiles e o New Mutants/Academy X. Nessa última, as vendas estavam meio ruins, então chutaram a equipe criativa. Para os próximos artistas não terem que pegar o bonde andando, deram pra eles essa edição especial, onde as histórias correntes poderiam ser terminadas. Mas terminar todas as tramas numa única edição fatalmente deixa o ritmo corrido demais. Se o título não tivesse sido forçado a fazer parte do crossover House of M, os autores poderiam ter fechado a trama com calma e no ritmo certo.

2 Comments:

  • Só para constar, essa é a história de estréia da Lady Letal, que viria a se tornar a vilã que alternaria as lutas do Wolverine com o Dentes de Sabre e com o Ômega Vermelho.

    By Anonymous Anônimo, at 1:36 AM  

  • Nossa eu adoro essa história do Wolverine com a Lady Letal, Claremont em sua melhor forma, toda vez que eu tenho que tirar a poeira das revistas eu tenho que ler essa história. Uma pena que o Claremont caducou e tivemos que ler aquela fase dos escravagistas, credo que coisa horrível...
    O engraçado que hoje as histórias dele em Uncanny estão pelos menos divertidas estou gostando o que tá saindo hoje na Panini.

    Abraços,

    By Anonymous Anônimo, at 4:55 PM  

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